terça-feira, 11 de julho de 2017

Barbusano

Um produtor de vinhos tranquilos na ilha da Madeira, um nome a ter em atenção.



Localizado na costa norte da ilha da Madeira, junto à localidade de São Vicente, onde a árvore endémica da floresta da laurissiva dá origem ao nome ao produtor que rapidamente se está a tornar uma referência nos vinhos tranquilos da região, sendo um dos maiores produtores da ilha com cerca de 17ha de vinha, resultado de um impressionante trabalho de agragação de várias parcelas feito pelossócios António Oliveira Freitas e Tito Brasão.


Um local sob forte influência marítima, onde se faz sentir a presença do oceano através da brisa marítima que entra pelo vale adentro, e é precisamente numa das encostas desse vale que estão plantadas, desde 2007, algumas castas regionais, outras nacionais e algumas internacionais. Nas brancas, o destaque vai para a Verdelho, a casta mais utilizada nos vinhos brancos tranquilos do produtor e da região, mas há outras, como a Arnsburger, um cruzamento de clones de Riesling trazido para a ilha há uns anos, e muito recentemente em resultado de uma parcela reconvertida de Complexa, um pouco de Malvasia. Nas tintas, temos a continentais Aragonês e Touriga Nacional, mas também um pouco de Tinta Negra, uma casta regional. Uma viticultura difícil, em terreno inclinado, onde a mecanização não é possível, fazendo com que os trabalhos sejam demorados e com muita mão-de-obra.


A enologia é feita na Adega de São Vicente, um projecto apoiado pelo Governo Regional desenvolvido para dar apoio aos pequenos viticultores da região, uma espécie de adega comunitária onde é possível aos viticultores vinificarem o seu próprio vinho, com utilização partilha dos recursos da adega, quer físicos quer humanos. Isto permitiu à Barbusano lançar em 2007 as suas primeiras referências, com vinhos brancos, rosés e tintos, desde 2009 com uva própria.


Oportunidade para provar as colheitas recentes, bem como algumas referências mais antigas para perceber a evolução e perfil dos vinhos Barbusano.

Nos brancos, o colheita 2005 revela um aroma fresco, cítrico, com algum anis e leve vegetal. Um vinho encorpado, seco, bem fresco, mineral e com leve nota salgada.  O 2011, já com um pouco mais de 5 anos de idade, apresenta uma cor cítrica, sem grandes sinais de evolução, aroma ainda com frescura, com alguma toranja, leve herbal e notas de petroleo, um vinho encorpado, cremosos, com a toranja e leve mel com um toque herbal, a evoluir bem estando num bom ponto de consumo. O 2009, o mais antigo, um Verdelho com um pouco de Arnsburger, sente-se um pouco mais a evolução, com notas de mel, borracha, mas com toranja e leve floral, um vinho amplo, com untuosidadade, fresco e boa persistência, a mostrar que aguentam bem algum tempo de garrafa.

Nos rosés, vinhos de cor intensa, com aromas frescos de fruto vermelhos, framboesa e morango, com ligeiro herbaceo, geleia de marmelo. Seco, ligeiramente fresco, um toque mineral, polido e frutado, em harmonia. De notar que este seria um dos raros exemplares de um vinho feito com a casta Complexa.
Por fim, os tintos, com provado tinto 2014, um vinho de cor intensa, aromático, notas de fumeiro, alguma fruta preta e toque floral. Encorpado, seco e boa frescura, alguma mineralidade, tanino presente mas sem agredir. O Barbusano Barricas é a referência com estágio em madeira, de aroma discreto, fruta madura, ligeiro fumeiro / fósforo, um vinho encorpado, seco, madeira bem integrada, profundo e bem persistente, já com alguma elegância. O Barricas 2010 Aragonês, 1ª edição do barricas, com 6 meses em barrica nova, é um tinto intenso, ainda jovem, ainda um pouco marcado pela barrica, cereja, seco e fresco, algum mineral, amplo, com alguma concentração, a mostrar que também é possível fazer bons tintos na Madeira.

Vinhos interessantes, com qualidade e carácter, e com alguma longevidade.

Avinhado a 6 de Março de 2017
#avinhar

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